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Cartas ao Editor

Ressonância magnética de corpo inteiro: uma alternativa viável a tomografia por emissão de pósitrons/ TC na avaliação de doenças neoplásicas

Whole-body magnetic resonance imaging: a viable alternative to positron emission tomography/ CT in the evaluation of neoplastic diseases

Bruno Hochhegger, Klaus Irion, Edson Marchiori

Ao Editor:

A ressonância magnética de corpo inteiro (RMCI) é um meio rápido, confiável, seguro e preciso de se detectar doenças por todo o corpo. É uma técnica de imagem nova e promissora que pode apresentar elevada sensibilidade na detecção de tumores.

As vantagens da RMCI foram apontadas em vários artigos recentes. Esses estudos demonstraram que um protocolo de investigação por RM é capaz de detectar vários processos de doença com uma acurácia que é quase igual àquela de diversos testes diagnósticos equivalentes considerados "padrão ouro". Os principais resultados desses artigos são resumidos abaixo:

Em câncer de pulmão, a RMCI foi utilizada com sucesso com imagem ponderada em difusão para a avaliação do estádio M em pacientes com carcinoma de pulmão não pequenas células (CPNPC), com acurácia equivalente àquela da (18)F-fluoro-2-deoxyglucose positron emission tomography (FDG-PET, tomografia por emissão de pósitrons com 18 fluordesoxiglicose) combinada à TC.(1) A acurácia da RM foi significativamente maior que a sensibilidade quantitativa e qualitativa da PET/TC por paciente na avaliação do estádio N de pacientes com CPNPC (p < 0,05).(2) Na avaliação de metástase à distância, a RMCI foi extremamente sensível e demonstrou vantagens em relação à PET/TC, especialmente em tumores que frequentemente se espalham para o fígado, ossos ou cérebro.(3) Por não necessitar de radiação, a RMCI é uma alternativa bastante atraente em casos de pacientes pediátricos com tumor que porventura necessitem de múltiplos exames de monitoramento.(3) Para o estadiamento de doenças hematológicas, tais como o mieloma múltiplo, a RMCI provou ser extremamente precisa; permite também uma avaliação precisa da medula óssea.(3) De maneira similar à PET/TC, a RM também é capaz de medir quantitativamente a resposta ao tratamento.(4) Visto que a combinação PET/TC é mais eficaz no estadiamento por meio da classificação tumor-nódulo-metástase do que os métodos convencionais de estadiamento, a PET/TC parece ser a ferramenta preferida e de primeira linha para o estadiamento do câncer de pulmão. Entretanto, a RM vem desempenhando um papel cada vez mais importante nesse contexto. Por exemplo, em pacientes com adenocarcinoma pulmonar, demonstrou-se que a sensibilidade da RM do cérebro para a detecção de metástase foi significativamente maior que a da PET/TC (88% vs. 24%; p < 0,001).(5)

É também importante considerar o custo dos exames de imagem. Devido à natureza e à complexidade do sistema de imagem, bem como aos custos de manutenção intrínsecos, a RM é um teste inevitavelmente mais caro que a TC. Entretanto, é mais barato que a PET/TC. Além disso, o equipamento para PET/TC tem mais componentes, e a demanda por uma produção contínua de produtos radiofarmacêuticos torna a PET/TC intrinsecamente mais cara. Devido ao sistema de imagem em si, a RM é também uma modalidade mais segura que a PET/TC. Demonstrou-se que, diferentemente da radiação ionizante usada na TC, o poderoso campo magnético e a energia de radiofrequência da RM não causam câncer ou anomalias fetais. É importante observar que, embora se saiba que a radiografia cause câncer, o risco exato de desenvolver câncer em decorrência da exposição à TC ou a repetidos exames tomográficos é desconhecido.(6)

Portanto, as constantes melhorias nos equipamentos e o desenvolvimento de novos protocolos podem em breve fazer com que a RM seja preferível à PET/TC como ferramenta de primeira linha para o estadiamento do câncer. Demonstrou-se que, além de ser um método menos caro e mais seguro, os resultados obtidos com esse método são similares àqueles obtidos com a PET/TC.

Bruno Hochhegger
Radiologista torácico, Hospital Moinhos de Vento, Radiologista Geral, Hospital Dom Vicente Scherer, Porto Alegre (RS) Brasil

Klaus Irion
Radiologista Consultor,
Liverpool Heart and Chest Hospital, Liverpool, Inglaterra

Edson Marchiori
Professor de Radiologia,
Universidade Federal Fluminense,
Niterói (RJ) Brasil



Referências

1. Ohno Y, Koyama H, Onishi Y, Takenaka D, Nogami M, Yoshikawa T, et al. Non-small cell lung cancer: whole-body MR examination for M-stage assessment--utility for whole-body diffusion-weighted imaging compared with integrated FDG PET/CT. Radiology. 2008;248(2):643-54. Epub 2008 Jun 6.

2. Ohno Y, Koyama H, Nogami M, Takenaka D, Yoshikawa T, Yoshimura M, et al. STIR turbo SE MR imaging vs. coregistered FDG-PET/CT: quantitative and qualitative assessment of N-stage in non-small-cell lung cancer patients. J Magn Reson Imaging. 2007;26(4):1071-80.

3. Schmidt GP, Haug A, Reiser MF, Rist C. Whole-body MRI and FDG-PET/CT imaging diagnostics in oncology. Radiologe. 2010;50(4):329-38.

4. Ohno Y, Koyama H, Dinkel J, Hintze C. Lung Cancer. In: Kauczor HU, editor. MRI of the lung. Berlin and Heidelberg: Springer-Verlag; 2009. p. 179-216.

5. Lee HY, Lee KS, Kim BT, Cho YS, Lee EJ, Yi CA, et al. Diagnostic efficacy of PET/CT plus brain MR imaging for detection of extrathoracic metastases in patients with lung adenocarcinoma. J Korean Med Sci. 2009;24(6):1132-8.

6. Huda W. Radiation doses and risks in chest computed tomography examinations. Proc Am Thorac Soc. 2007;4(4):316-20.

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